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Homenagem: deputado Raimundo Santos destaca importância e legado da Assembleia de Deus

Parlamentar enalteceu em pronunciamento o histórico da igreja em 111 anos de fundação, a saga missionária dos pioneiros e o comprometimento institucional permanente nas ações sociais e de evangelização

O deputado Raimundo Santos (PSD) fez nessa terça-feira (21 de junho), durante sessão plenária, um pronunciamento franco e emocionado, saudosista e intimista em homenagem à Assembleia de Deus, que completou 111 anos de fundação no dia 18 passado. No dia 13 do corrente mês de junho, uma segunda-feira, o parlamentar já havia presidido a tradicional sessão solene de sua autoria em tributo à igreja da qual o seu saudoso pai, pastor Joaquim Santos, foi um dos pioneiros e sua principal referência de conversão espiritual e evangelização.

Na tribuna, ele exaltou o que denominou de “vasta programação” comemorativa da Igreja, que teve a participação de autoridades como o presidente da República Jair Bolsonaro, o governador do Pará Helder Barbalho, o prefeito de Belém Edmilson Rodrigues e o presidente da Alepa, Chicão, mas iniciou o seu discurso no plenário Newton Miranda enaltecendo a ação social e espiritual intitulada “Impacto Humanitário – Expedição dos Pioneiros” a Melgaço, município do Marajó famoso por ter sido apontado com o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) nacional.

O parlamentar informou que foi para a região marajoara, precisamente a área de Melgaço, que viajaram os fundadores da Assembleia de Deus, os suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren, assim que chegaram ao Brasil em sua ação missionária. “Eles viajaram lá, para aquela região, e eram orientados a aprender, na Língua Portuguesa, pelo pastor Adriano Nobre, que ajudava ministrando ensinamentos da Língua Portuguesa”, observou.  

Em sua manifestação, Raimundo Santos falou sobre o balanço das ações em Melgaço envolvendo membros assembleianos e profissionais de várias áreas, a análise sobre de uma visão profética alusiva ao surgimento da Assembleia de Deus em Belém feita por ninguém menos que José de Alencar, ex-vice-presidente do País, em curiosa conversa com ele.

O deputado também comentou sobre o legado dos pioneiros da igreja, uma galeria com nomes em que consta o do seu próprio pai, que enfrentou muitas dificuldades para levar a Palavra de Deus a comunidades do Marajó e a outras localidades da Amazônia.

Acompanhe, abaixo, os principais trechos de seu discurso.

“Minha gratidão a Deus por mais uma sessão que estamos realizando aqui na Assembleia Legislativa do Pará, a grande Casa do povo paraense.

Eu queria aproveitar o ensejo da nossa sessão para festejar a programação que tivemos pelo transcurso dos 111 anos da Assembleia de Deus no Brasil, que nasceu aqui em Belém. Foi uma vasta programação. Tivemos, como sempre, a presença de muitas autoridades. Inclusive, na sexta-feira [dia 17], foi o presidente da República [Jair Bolsonaro], [que] esteve no Templo Central. No sábado tivemos a presença do prefeito, Edmilson Rodrigues, do nosso presidente Chicão, que prestigiou o evento, sempre nos prestigia, e do nosso governador, Helder, que esteve mais uma vez participando de todas as festas nesses quatro anos, dos grandes eventos que são realizados pelas Missões da igreja.

Eu queria destacar, dentre tantos acontecimentos importantes, a ação humanitária que a igreja fez no município de Melgaço. A região de Melgaço foi a primeira que recebeu, primeiramente no interior do Estado, a presença de Daniel Berg e Gunnar Vingren logo após eles terem chegado aqui ao Brasil, a Belém. Eles viajaram lá, para aquela região, e eram orientados a aprender, pelo pastor Adriano Nobre, que ajudava ministrando ensinamentos da Língua Portuguesa.

Eles navegavam pelo rio Tajapuru, naquela época, portanto há 111 anos. E reconhecidamente, o município de Melgaço é um dos mais pobres do País. Possui o pior Índice de Desenvolvimento Humano municipal do Brasil, e a Assembleia de Deus de Belém decidiu adotar aquele município numa ação humanitária que não se esgotou agora, por ocasião dos 111 anos. Foi apenas o começo!

A igreja decidiu fazer um trabalho permanente de amor ao próximo, de ações humanitárias, até que a situação em Melgaço tenha sido realmente modificada. O empenho inicial é de no mínimo dez anos, e nessa primeira atuação a igreja esteve presente com mais de 1.000 pessoas, membros da igreja, que se desdobraram em ações.

Tivemos a presença de médicos, de odontólogos, psicólogos, nutricionistas, professores, assistentes sociais, pedreiros, costureiras, padeiros, todos empenhados em contribuir para a paulatina redução das necessidades sociais coletivas e também da extrema pobreza que impera naquele município.

Então só para fazer um resumo, deputado Chicão, nós achamos interessante levar ao conhecimento público. Em um dia e meio, a igreja realizou por meio de seus membros, profissionais – só médicos foram diversas especialidades –, muitos levados por um hidroavião, que saía de Belém, [e] com 50 minutos estava pousando lá, já no município, dentro d’água. A igreja em Belém recebeu para essa missão, um presente – esse hidroavião foi um presente da Assembleia de Deus de Manaus.

Mais de 1.400 atendimentos médicos foram realizados; distribuição de milhares de medicamentos para a rede de saúde local; mais de 2 mil cestas básicas foram distribuídas para a população carente; serviços de educação no âmbito sexual, saúde bucal, corte de cabelo, entrega de brinquedos, entre tantos outros trabalhos; entrega de cinco novas casas a famílias necessitadas; inauguração da Base Humanitária como uma unidade comunitária para gerar emprego e renda, iniciando as atividades com cursos de música, corte e costura e empreendedorismo; três novos templos da Assembleia de Deus foram inaugurados; mais de 200 pessoas fizeram a sua profissão de fé durante o culto da noite; projeto Bíblia Manuscrita – Primeira Infância foi levado à comunidade; casamento comunitário que contemplou 17 casais, alguns que tinham esse sonho há mais de 40 anos – e o sonho foi realizado!

Então, senhor presidente, foi uma atuação emocionante, eu tive a alegria de estar lá, presente, participando, e pudemos ver muitas lágrimas. As pessoas chorando, outras sorrindo, e mais de 1.000 integrantes da igreja, profissionais das mais diversas áreas, estiveram lá fazendo esse trabalho que, como disse, foi apenas o primeiro.

No ano que vem, a expectativa é de levar o dobro de pessoas para aquele trabalho, mas as bases que foram lançadas vão estar sendo contempladas daqui para a frente de forma permanente. Não é um trabalho que acontece no aniversário [da igreja]. É um trabalho com ânimo permanente.

Louvamos a Deus por esse trabalho, por essa visão do pastor Samuel Câmara, estar levando o social, estar se somando ao poder público, com políticas públicas, chegando onde o Estado, o poder municipal não pode chegar a contento porque as necessidades são tremendas.

(…) Eu quero dizer também que no âmbito da programação, dentre louvores, dentre mensagens que ouvimos, [houve a ] encenação também da chegada dos missionários, que aconteceu e acontece todos os anos nos sábados pela manhã. Muita coisa interessante.

Mas eu queria destacar que lá onde funciona o Museu Nacional da Assembleia de Deus, na Avenida Magalhães Barata, tivemos uma reunião de inauguração da embaixada institucional, representativa dos órgãos da igreja, convencionais, ligados à Igreja. E eu pude ali, senhor presidente, recordar um fato interessante.

No ano de 2002 para 2003, eu me encontrei com o José de Alencar, meu caro [deputado Antônio] Tonheiro – ele foi vice-presidente da República. Ele me fez uma pergunta: ‘Ô Raimundo, tu sabes por que, na bandeira do Brasil, naquela esfera azul, que substituiu o símbolo de armas’ – e aquela esfera azul da bandeira representa o símbolo republicano do Brasil –, ‘constam estrelas  que representam as unidades da Federação, os Estados, o Distrito Federal – e há no centro da esfera azul o lema Ordem e Progresso?’, o lema positivista inspirado numa frase de Auguste Comte.

As bandeiras [estrelas] todas, exceto uma, estão situadas abaixo do lema Ordem e Progresso, e uma, apenas, que é o Pará, está situada acima do lema. Ele me fez a pergunta. Eu disse: ‘Olha, meu caro vice-presidente, primeiro, na época, o Estado do Pará tinha a capital, Belém, que ficava situada mais ao norte do que todas as capitais. Hoje nós temos vários outros Estados na região norte. Naquele tempo era o Pará’. ‘E, segundo’, já brincando com ele, ‘acabou reconhecendo que o Pará é o Estado mais rico da Federação em biodiverdidade, em rios, em clima propício à produção de alimentos, em minerais da melhor qualidade, maior quantidade’.

Aí ele me disse: ‘Não, não é por isso. É porque quando foi apresentada a bandeira, em 19 de novembro de 1889, por isso é o Dia da Bandeira, já se estava antevendo, de forma profética, que lá no Pará, em 1911, seria criada a Assembleia de Deus de Belém’. Ela se espalharia, se espraiaria, pelo restante do Pará, do Brasil e pelo mundo, levando a pregação do Evangelho, mas levando também atos de amor ao próximo, levando ações humanitárias. Foi me dito aquilo pelo José de Alencar, nunca esqueço, daquela nossa conversa. Ele era um homem muito preocupado com o desenvolvimento do País, com a história de cada Estado, a história principalmente da geografia e da economia de cada Estado, de cada localidade. Ele brincou comigo, mas é algo que nos emociona, porque realmente a história da Assembleia de Deus tem engrandecido socialmente e culturalmente o Pará, o Brasil e o mundo.

O legado dos nossos pioneiros é o de fazer o bem para as pessoas. Milhões de pessoas foram alcançadas pela pregação do Evangelho, pelos atos que são realizados pela igreja. Quantas famílias teriam sido dizimadas, ou não teriam sequer sido formadas, não fosse o trabalho da igreja. Ter alcançado aquele pai de família, aquela mãe de família, aos filhos, e pessoas foram resgatadas do crime, do vício, da dependência química e de problemas psicológicos, e que foram mudadas no seu coração porque receberam mensagem do Evangelho. E passaram a fazer o bem. E assim tivemos o papel da Assembleia de Deus sendo levado a tantas pessoas.

Eu finalizo, presidente, informando da minha emoção quando cheguei a Melgaço, porque o meu pai foi um desses pioneiros da Assembleia de Deus. Ele pastoreou [por] mais de 72 anos, e juntando com o período de evangelista, foram mais de 75 anos. Foi pastor, portanto, da igreja, como um dos pioneiros. A Assembleia de Deus estava ainda com menos de quinze anos quando ele começou a sua atuação pastoral.

E uma das regiões onde o meu pai pastoreou, na época com muita dificuldade – eu era criança –, foi exatamente a região do Marajó sediada em Breves: 1961, ‘62, e naquele tempo o trabalho da Assembleia de Deus, que era sediado em Breves, contemplava os municípios vizinhos, aquelas regiões vizinhas, e era da responsabilidade do meu pai ir até Melgaço, até Bagre, até Curralinho, e ele em barquinhos, passava horas, dias na região, e com muitas dificuldades, para chegar às vezes a uma única casa e levar o abraço, a ministração da Palavra de Deus e também até o alimento, que ele repartia.

Era difícil a atuação pastoral naquela época. Eu mesmo, às vezes, acompanhei o meu pai nessas viagens missionárias. Uma certa vez, inclusive, disse na solenidade que tivemos em homenagem à igreja na semana passada, que um iate alcançou um barquinho, e aquele barco estava para ir a pique e o meu irmão, pastor Samuel Santos, que hoje tem 80 anos de idade, despertou a minha irmã Damares, que hoje tem 82 anos, dizendo: ‘Olha, acorda para nadar porque vamos ir a pique’. Mas graças a Deus conseguiu chegar a outra margem a embarcação.

Então são fatos que mostram as dificuldades que os pioneiros da Assembleia de Deus tiveram para poder levar a mensagem e espalhar. E hoje são milhões por todo o Brasil, mas naquela época era muito difícil. Meu pai enfrentou onças, serpentes no interior do Amazonas ainda, dificuldades para levar e fundar a Assembleia de Deus na região de Itaituba, no interior, além das armadilhas que eram colocadas, além das perseguições, da intolerância religiosa.

Mas hoje a igreja, no instante em que festeja os seus 111 anos, pode contar aqui em Belém com 540 templos; 140 mil membros na capital; mais de 700 mil membros no Pará; cerca de 22 milhões em todo o território brasileiro; e aproximadamente 50 milhões de assembleianos em todo o mundo. E a nossa ênfase é o amor. Porque o Evangelho se fulcra, se baseia, propaga e é norteado pelo amor, até porque nós sabemos, conforme está escrito em João, no capítulo 3, versículo 16, que somos frutos do amor de Deus, que enviou o próprio filho para que resgatasse a Humanidade com sacrifício.

Depois de ser encarnado no ventre materno e se sacrificasse como uma pessoa humana e até chegando à morte, morte de cruz, para que depois fosse elevado, conforme está em Filipenses, elevado por Deus ao Nome que está acima de todo nome, e que diante dEle todo joelho deve se dobrar lá nos Céus, aqui na Terra, debaixo da Terra. E toda língua deve confessar que só Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus-Pai.

Presidente, obrigado pelo espaço, louvamos a Deus, agradecemos a Ele, tributamos a Ele por mais um ano passado no transcurso da história da Assembleia de Deus. São 111 anos, e agora já marchamos para os 112 anos. Uma história que agora, nesse ano, enfatiza de uma forma mais primorosa o trabalho humanitário. A Constituição Federal tem, no princípio da dignidade da pessoa humana, o grande norteador de todos os demais princípios, de todos dispositivos da Constituição Federal.

E nós, na Assembleia de Deus, seguimos esse princípio da dignidade da pessoa humana, não apenas como regra constitucional, mas como regra bíblica de fé e prática que a igreja empreende, gesta e pratica no seu dia a dia. A igreja não busca holofotes, mas busca que o único holofote seja direcionado para a grande estrela da igreja e de todo o Universo, que é Jesus Cristo, o único salvador e rei!”.

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Raimundo Santos cantando “Queima de novo” no Congresso Mulheres da Assembleia de Deus em Belém