Em geral, determinados registros antigos trazem à nossa mente as memórias vivas do passado e de pessoas que amamos em um limite indescritível e imensurável.
Dias atrás, garimpando velhos documentos, reencontrei a carteirinha de membro da Assembleia de Deus do meu saudoso pai, Joaquim Pereira dos Santos, que foi para a Glória após 101 anos de vida, mais de 70 dos quais pregando o Evangelho.
Na carteira simples, com a foto em preto e branco preservada, consta, além de sua bonita letra, caligráfica, o ano de batismo – 1927, quando a Igreja-Mãe tinha apenas 16 anos de fundação. Há também o período de consagração do meu pai como pastor: janeiro de 1933, ou seja, passados já 88 anos.
Cearense de nascimento, foi um dos pastores pioneiros da Assembleia de Deus e chegou a conviver com Daniel Berg, um dos fundadores da hoje denominação mais que centenária, por ocasião de seu Jubileu de Ouro.
Meu pai iniciou o seu ministério no rio Xuiniri e na localidade de Careiro, no interior do Amazonas, tendo deixado o primeiro filho sepultado no campo missionário, quando adoeceu e acabou falecendo no interior do Estado.
Do Amazonas, determinado, veio para o Pará fundar a Assembleia de Deus ao longo do rio Tapajós, envolvendo todos os municípios da área, principalmente a gigante Itaituba. Nesse chamado divino, ele enfrentou muitos perigos: naufrágios, serpentes, onças, e passava meses viajando, primeiro evangelizando de canoa a remo pelos rios do oeste do Pará. Em sua bonita missão de ganhar almas para Jesus, pastoreou ainda várias cidades interioranas do nosso Estado, entre elas Breves, Alenquer, Igarapé-Açu, Abaetetuba e Paragominas.
Todas as recordações sobre ele jamais sairão do meu coração. Como pai e ministro de Deus, será sempre o meu exemplo enquanto eu viver
