Depois de ser instituído no ano passado a partir de proposição do deputado federal Raimundo Santos (PSD-PA), o Dia Nacional da Música Gospel foi celebrado pela primeira vez ontem (9/6), ganhando repercussão nos veículos de comunicação e programas televisivos do País. Na edição dessa segunda-feira do programa “Encontro”, da TV Globo, com a apresentação da jornalista Patrícia Poeta, a data oficial tornou-se o destaque no quadro artístico da atração, que recebeu a jovem cantora gaúcha Isadora Pompeo.
Patrícia Poeta abriu o programa dizendo: “Hoje é Dia Nacional da Música Gospel, está sendo celebrado pela primeira vez (…). A gente está numa data especial, graças a uma missionária sueca, que veio lá atrás, no outro século, século passado, para cá, para o Brasil, e que nasceu nesse dia, por isso então a celebração dessa data. E é uma data que acho que representa muita coisa porque o Brasil é um dos países em que mais se consome música gospel”. A artista convidada concordou, declarando: “Hoje é um dia muito especial (…), porque a gente tem autonomia 100% pra falar sobre ele”.
Além do Encontro, que mostrou fotos da missionária sueca Frida Maria Strandberg Vingren, personalidade histórica que teve papel importante para a difusão do evangelismo em território brasileiro, especialmente no Pará, e cujo nascimento inspirou a fixação da data comemorativa anual, o primeiro ano de vigência da lei em homenagem à música gospel ganhou atenção no Estado dos jornais “O Liberal” e “Diário do Pará” e vários portais brasileiros, como da União Brasileira de Compositores (UBC), Folha Gospel, Portal Tela, O Fuxico, Multishow no Globoplay e Pleno News, empresa do gigante grupo MK Music (ver links ao final da reportagem). No ano passado, a instituição da data festiva teve espaço amplo na grande mídia nacional.
A consagrada cantora carioca Cristina Mel, que já foi indicada em quatro ocasiões ao Grammy Latino e conquistou dezesseis vezes o Troféu Talento, gravou mensagem em suas redes sociais: “Hoje é o Dia Nacional da Música Gospel! O deputado Raimundo Santos instituiu essa lei, que foi aprovada oficialmente; isso é muito importante porque a música gospel é uma canção que fala sobre vida, fala sobre perdão, um estilo de vida. É uma música que vai continuar por toda a eternidade. Então parabéns a todos os adoradores, compositores, a todo o universo da música gospel. Que Deus possa continuar nos usando com muita graça, unção e poder!”.
CRESCIMENTO
A Lei 14.998/2024, que marca a celebração ao gênero artístico no calendário de brasileiro, foi criada por meio de iniciativa do deputado Raimundo Santos, cujo objetivo é valorizar o estilo musical, reconhecendo a sua importância cultural, espiritual e econômica, fato que vem se refletindo com força na indústria fonográfica brasileira. O gospel, música cristã evangélica ou louvor lançado por nomes representativos é hoje um nicho consolidado e em contínua expansão.
De acordo com levantamentos da Associação Brasileira de Música e Artes (Abramus), a música gospel ou evangélica representa no momento 20% do mercado fonográfico brasileiro. A entidade informa que, nos últimos cinco anos, os streams na plataforma Spotify tiveram um aumento de 240%, com um total de 70% referentes ao ano de 2023.
Somente no ano passado, o Spotify registrou um aumento de 46% no número de ouvintes de músicas gospel, sendo que as buscas pelo gênero foram elevadas em nada menos que 93% desde fevereiro de 2022, conforme dados divulgados pela plataforma.
Segundo com especialistas, a tendência é de mais avanço, considerando conquistas de espaços de grande visibilidade popular e da mídia, como o Réveillon de Copacabana, no qual um palco exclusivo foi o destaque na virada de ano, bem como participações mais frequentes de artistas em programas de diferentes emissoras de TV, além da inclusão de músicas do segmento em novelas, como no folhetim “Vai na Fé”, exibido em 2023, de autoria da roteirista e diretora Rosane Svartman.
Após a explosão e as consequências drásticas da pandemia do novo coronavírus em 2020, outro fator para a procura desse estilo musical é a necessidade de fortalecimento espiritual e emocional em razão de um dos problemas mais preocupantes da medicina do momento, a saúde mental, que vem afetando uma parcela considerável da sociedade. O portal G1, da Globo, em matéria postada no dia 6 do corrente mês, destaca que um em cada quatro brasileiros é evangélico. A notícia aponta que “parcela da população que se declara evangélica cresceu e chegou ao maior percentual da história”.
Para o deputado Raimundo Santos, a criação de uma data comemorativa da música gospel valoriza a cultura e a religiosidade dos brasileiros, tendo o poder de gerar conforto mental e espiritual. “A música gospel ganhou imensa relevância no Brasil nas últimas décadas. Ela não apenas tem sido parte importante da disseminação da religiosidade evangélica entre nós, como tem tocado a sensibilidade de pessoas de outras denominações religiosas que se abrem a seu apelo artístico e espiritual”, afirma o parlamentar.
HOMENAGEM
A escolha para a fixação para o Dia Nacional da Música Gospel ocorreu em alusão ao dia e mês de nascimento da missionária sueca Frida Maria Strandberg Vingren (1891-1940), uma das principais figuras na história do evangelismo no Brasil, que atuou em Belém no início do século XX. Entre diversas atividades, ela foi enfermeira, tradutora, poetisa, multi-instrumentista, compositora e cantora, tendo criado mais de 20 hinos da Harpa Cristã, o hinário oficial das Assembleias de Deus, entre eles “Bem Aventurança do Crente”, considerado um clássico. A religiosa foi esposa do também evangelista sueco Gunnar Vingren (1879-1933), cofundador da igreja evangélica Assembleia de Deus na capital paraense junto ao compatriota cristão Daniel Berg (1884-1963).
“Ela [Frida Vingren] foi muito importante para a música gospel. Hoje é um ramo relevantíssimo da indústria fonográfica, musicalmente rico e diversificado. Como em tantos outros exemplos, os brasileiros souberam transformar uma manifestação cultural e espiritual nascida no exterior em algo muito nosso”, completou Raimundo Santos.
O congressista, que foi artista precoce e hoje é reconhecido no campo do gospel com álbuns, singles lançados e sucessos em rádios e plataformas digitais como “Preciso de um Milagre”, “Capa de José” e “Queima de Novo”, comemorou a passagem do primeiro ano do Dia Nacional da Música Gospel.
“Mais do que valorizar artistas em atividades, demais profissionais da área e novos talentos, estimulando a produção musical gospel, o foco central da lei deve ser sempre poder louvar e glorificar a Deus, especialmente em tempos tão difíceis como os que vivemos hoje”, declarou o parlamentar.
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