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Sessão Especial discute segurança na navegação e drama das vítimas de escalpelamento no Pará

Discutir a erradicação dos acidentes por escalpelamento de ribeirinhos nos rios da Amazônia foi o objetivo da Sessão Especial proposta pelo deputado Raimundo Santos, nesta quinta-feira (01/12). Segundo o parlamentar, a sessão foi pedida pelo comando da Marinha, depois do sexto acidente registrado no Pará, neste ano. “Ano passado tivemos 11 casos. Este ano foram seis, mas ainda é muito e é por isso que trazemos essa questão para a Alepa”, diz o deputado Raimundo Santos.

Segundo ele, o trabalho conjunto de prevenção trouxe avanços para o combate aos acidentes. “Conseguimos avançar, antes não havia quem financiasse essa proteção e, hoje, a marinha faz isso sem custos para os donos de barcos. A Capitania dos Portos também faz um bom trabalho de fiscalização”, enumera o parlamentar. “Mas é preciso avançar nessa conscientização, pois ainda há pessoas que recebem a proteção para o eixo da embarcação e só usam na frente das autoridades, depois retiram e causam outras vítimas de acidentes”, conclui ele.

Representantes do Governo Estadual e Municipal, Conselho Regional de Psicologia,  Defensoria Pública, Marinha do Brasil, e Ong ORVAM estiveram presentes na sessão.

Segundo a presidente da Ong ORVAM (Organização dos Ribeirinhos Vítimas de Acidentes de Motor), Maria Cristina Santos, o pós-acidente é a fase mais difícil enfrentada pelas vítimas de escalpelamento. “É um momento de superação. Sem apoio, as vítimas não conseguem seguir com suas vidas normalmente. O preconceito ainda é muito forte. A pergunta que é feita por essas vítimas é: ‘Como volto para casa sem os meus cabelos?”, comentou.

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Maria Cristina Santos avalia que apenas a fiscalização das embarcações não basta. “Não vejo interesse em resolver esse problema. Falta alguém que realmente abrace a causa. Infelizmente acho que a solução ainda está longe de acontecer, e é simples. Eu falo com propriedade, porque não chamar as empresas que fabricam os barcos e cobrar a proteção? Por que esses barcos já não são vendidos com a proteção do eixo? E os ribeirinhos, até que ponto estão realmente sensibilizados com o escalpelamento”, questiona ela.

A fundadora da ORVAM também se queixa da falta de assistência às vítimas de escalpelamento depois do acidente. ”Somos a única ONG que atua nesse momento e não temos apoio de nenhum órgão público. Cadê o investimento nas políticas públicas? Se não é a sociedade civil nos apoiando, já teríamos fechado as portas”, lamenta.

Os casos de escalpelamento –  acidente causado pelo eixo exposto dos motores das embarcações, em que parte ou todo o couro cabeludo da vítima é arrancad – acontecem, principalmente, porque o Estado possui muitos municípios com influência hidrográfica, 72 dos 144 municípios paraenses tem como principal meio de locomoção embarcações que navegam sem as devidas proteções nos motores.
Texto: Dina Santos
ASSESSORIA DE IMPRENSA E DIVULGAÇÃO

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